outubro 30, 2025

Ranking: os países e territórios mais violentos (e os mais seguros) de acordo com os índices de homicídios


Após a megaoperação contra o crime organizado no Rio de Janeiro em 28 de outubro de 2025, que mobilizou milhares de agentes e resultou em várias mortes, reforçou-se o debate sobre a violência letal no mundo. Para entender esse cenário, recorremos aos dados mais recentes da ONU sobre homicídios dolosos em números absolutos — ou seja, quantas vidas são interrompidas por assassinato em cada país, independentemente de população. No último levantamento global, estima-se cerca de 458 mil homicídios por ano, distribuídos de forma desigual entre regiões. Algumas concentram um grande volume de mortes devido à presença de facções, desigualdades e instituições frágeis; outras registram números significativamente menores. A análise por números absolutos destaca a dimensão real da violência e seus impactos sociais, embora dependa da precisão dos registros e das realidades locais. Supreendentemente, há países nos quais os homicídios são inexistentes e há aqueles com incidências muito baixas. O ranking completo será apresentado na próxima parte do post. Vale ressaltar que mortes ocorridas durante guerras não são computadas no ranking.

Vamos seguir então, primeiramente, com os dez países mais violentos do mundo em termos de números de homicídios dolosos (onde há intenção de matar):


10º lugar - Equador (8.221 mortes)
A segurança pública no Equador vive uma crise recente e intensa. Nos últimos anos, o país passou de relativamente estável para um dos mais violentos da América do Sul, sobretudo devido à expansão do narcotráfico. O Equador tornou-se uma rota estratégica para o envio de cocaína para os EUA e Europa, o que fortaleceu facções locais e atraiu cartéis estrangeiros. O sistema prisional entrou em colapso: muitas facções controlam presídios por dentro, onde ocorreram massacres com dezenas de mortos. A polícia e as Forças Armadas enfrentam limitações estruturais, corrupção e baixa capacidade de resposta. O aumento do desemprego e da vulnerabilidade social após a pandemia também favoreceu o recrutamento de jovens pelo crime. Em resumo, os homicídios no Equador são majoritariamente ligados a disputas entre grupos criminosos por território, portos e rotas de tráfico, mais do que a conflitos pessoais comuns.


9º lugar - Rússia (9.866 mortes)
A Rússia apresenta níveis moderados de homicídios quando comparada a alguns países das Américas, mas enfrenta desafios estruturais relevantes para a segurança pública. O principal fator associado aos homicídios é o alcoolismo, que contribui para conflitos domésticos e brigas interpessoais que acabam em violência letal. Além disso, há influência de grupos criminosos organizados, herança dos anos 1990, ainda atuantes em extorsões, contrabando e tráfico. A desigualdade regional é marcante: áreas rurais e cidades menores registram mais violência relacionada a álcool, enquanto grandes centros lidam com criminalidade econômica e redes mafiosas ligadas a corrupção. Embora o Estado tenha forte aparato policial, problemas como abuso de autoridade, desconfiança na justiça e subnotificação dificultam o enfrentamento pleno da violência letal.


8º lugar - Paquistão (10.729 mortes)
A segurança pública no Paquistão é marcada por forte instabilidade política, conflitos internos e atuação de grupos armados. Grande parte dos homicídios está ligada a disputas territoriais entre facções militantes, especialmente em áreas fronteiriças com o Afeganistão, onde operam grupos talibãs paquistaneses e outras organizações extremistas. Além disso, há violência sectária entre comunidades religiosas, como sunitas e xiitas, gerando ataques direcionados. Em centros urbanos, crimes ligados a tráfico de armas, extorsão e conflitos entre grupos políticos ou tribais também influenciam os índices. A polícia enfrenta dificuldades como corrupção, falta de recursos e baixa confiança da população, o que dificulta investigações e prevenção. Apesar de operações militares terem reduzido ataques organizados em alguns períodos, a presença contínua de grupos armados e tensões sociais mantém o país vulnerável à violência letal.


7º lugar - Colômbia (13.108 mortes)
A Colômbia enfrenta desafios históricos na segurança pública devido à presença de grupos armados, herança do conflito interno que envolveu as FARC, o ELN, paramilitares e forças estatais. Mesmo após acordos de paz, muitas dissidências continuam ativas, disputando rotas de narcotráfico e controle territorial, sobretudo em áreas rurais. O país é um dos maiores produtores de cocaína do mundo, e o tráfico envolve desde comunidades locais até redes internacionais. Essa disputa armada, somada à presença de gangues urbanas, é uma das principais causas de homicídios. Em regiões mais pobres, jovens são facilmente recrutados por grupos ilegais. Além disso, líderes sociais e indígenas são frequentemente alvo de violência ao defenderem terras e recursos. Apesar de avanços em grandes cidades, a desigualdade regional e a limitada presença estatal no interior ainda favorecem a persistência da violência letal.


6º lugar - Estados Unidos (19.796 mortes)
A segurança pública nos Estados Unidos é marcada pela alta circulação de armas de fogo e por fortes desigualdades sociais. Embora o país tenha estruturas policiais amplas e tecnologia avançada, o fácil acesso a armas é um fator central na maioria dos homicídios, incluindo conflitos interpessoais, crimes domésticos e ataques em massa. Gangues urbanas ligadas ao tráfico de drogas e disputas territoriais também representam uma parcela significativa das mortes, especialmente em grandes cidades. A desigualdade racial e socioeconômica cria áreas de vulnerabilidade onde oportunidades de trabalho e educação são limitadas, favorecendo o recrutamento juvenil para o crime. Além disso, debates ideológicos dificultam reformas de controle de armas. A violência não está distribuída igualmente: algumas cidades enfrentam taxas muito mais altas que outras. Em síntese, o principal motor dos homicídios nos EUA é a combinação de armas amplamente disponíveis com tensões sociais e econômicas persistentes.


5º lugar - África do Sul (27.272 mortes)
A segurança pública na África do Sul é uma das mais críticas do mundo, resultado de fatores históricos e sociais profundos. A desigualdade extrema herdada do apartheid ainda estrutura o território: bairros ricos cercados por muros convivem com áreas pobres dominadas por gangues. A polícia enfrenta problemas como corrupção, falta de treinamento e baixa confiança da população, o que dificulta investigações e a prevenção do crime. Muitos homicídios estão ligados a conflitos entre grupos criminosos, assaltos violentos, disputas por território e tráfico de drogas. Além disso, há um índice elevado de violência doméstica e de gênero, frequentemente agravado pelo abuso de álcool. Em certas regiões, grupos comunitários armados tentam “substituir” o Estado, o que gera novos ciclos de violência. Assim, o país convive com um cenário onde fatores econômicos, históricos e institucionais se sobrepõem, mantendo a violência letal em patamar muito alto.


4º lugar - México (32.252 mortes)
A segurança pública no México enfrenta desafios profundos ligados principalmente ao narcotráfico e ao crime organizado. Grupos como o Cartel de Sinaloa e o Jalisco Nueva Generación disputam rotas de drogas e controle territorial, gerando violência extrema. A corrupção em setores do governo e das forças policiais dificulta o combate efetivo, pois muitas vezes autoridades são cooptadas ou intimidáveis. Além disso, desigualdades sociais, pobreza urbana e falta de oportunidades ampliam o recrutamento de jovens pelo crime. Outro fator relevante é o tráfico de armas, especialmente vindas dos EUA, que fortalece os cartéis. Assim, a maior parte dos homicídios está relacionada a disputas entre facções, execuções, vinganças e confrontos armados.


3º lugar - Índia (40.130 mortes)
A segurança pública na Índia é marcada por grande desigualdade regional: áreas urbanas contam com mais policiamento, enquanto regiões rurais têm menor presença do Estado. Os homicídios costumam estar ligados a conflitos comunitários, disputas familiares e violência doméstica, especialmente contra mulheres. Questões de castas e honra ainda influenciam crimes em muitas partes do país, levando a assassinatos motivados por discriminação ou casamentos não aceitos. Em alguns estados, grupos insurgentes, como os maoístas (Naxalitas), também geram violência. Além disso, tensões religiosas e étnicas podem resultar em confrontos fatais. A lentidão do sistema judicial e a corrupção dificultam a prevenção e punição eficaz desses crimes.


2º lugar - Brasil (40.698 mortes)
A segurança pública no Brasil é influenciada por desigualdade social, presença do crime organizado e falhas estruturais nas instituições. Grande parte dos homicídios está ligada ao tráfico de drogas, disputas entre facções e controle territorial em periferias urbanas. A circulação ilegal de armas facilita a letalidade dos conflitos. Em muitas regiões, a polícia é mal equipada, enfrenta altos índices de violência contra seus próprios agentes e, ao mesmo tempo, é criticada por abordagens agressivas e abusos. A impunidade é elevada, já que boa parte dos crimes não é investigada ou solucionada. Além disso, a falta de políticas de prevenção, educação de qualidade e oportunidades econômicas alimenta ciclos contínuos de violência.


1º lugar - Nigéria (44.200 mortes)
A segurança pública na Nigéria enfrenta desafios complexos e variados conforme a região. No norte, grupos extremistas como Boko Haram e facções associadas promovem ataques, sequestros e mortes em conflitos religiosos e políticos. No centro e no sul, disputas entre fazendeiros e pastores por terra e água geram confrontos violentos. Além disso, gangues urbanas e milícias comunitárias atuam em áreas densamente povoadas, alimentadas pela pobreza, desemprego e fraca presença do Estado. A corrupção nas forças de segurança e a limitada capacidade investigativa dificultam a prevenção e a resolução de crimes. Esses fatores combinados resultam em elevados níveis de homicídios e sensação constante de insegurança.

Visto isso, vamos ao oposto dessa lista: sim, existem oito países e territórios no mundo que registram nenhum homicídio ao ano, considerados como os melhores lugares para se viver se considerarmos que nada tão grave a esse ponto acontece. Vamos lá!


Ilha de Man (nenhuma morte)
A Ilha de Man é um exemplo raro de segurança pública extremamente eficiente. Esse pequeno território insular, situado no Mar da Irlanda, mantém índices inexistentes de homicídios, o que a torna um dos lugares mais seguros do mundo. A explicação está na combinação de fatores: uma população pequena e coesa, presença constante e próxima das forças policiais, baixos níveis de desigualdade social e forte senso comunitário. Crimes graves são quase inexistentes, e os casos de violência interpessoal ou doméstica são rapidamente identificados e tratados. O sistema judicial funciona de maneira ágil e transparente, e políticas de prevenção são amplamente eficazes. Esse contexto cria um ambiente onde os cidadãos vivem com alta sensação de segurança, mostrando que o sucesso na segurança pública depende tanto de instituições competentes quanto de coesão social.


Mônaco (nenhuma morte)
Mônaco é considerado um dos países mais seguros do mundo, com nenhum registro de homicídios em anos recentes. O sucesso da segurança pública no principado se deve a uma combinação de fatores: população pequena e altamente controlada, forte presença policial e monitoramento constante, alto nível de desenvolvimento econômico e baixo índice de desigualdade social. A proximidade entre autoridades e cidadãos permite rápida detecção e resolução de crimes, enquanto políticas de prevenção e legislação rigorosa mantêm a ordem. A economia sólida e o estilo de vida privilegiado reduzem incentivos para crimes graves. Como resultado, Mônaco oferece um ambiente urbano seguro, onde a sensação de segurança é alta e a violência letal é inexistente, servindo de exemplo de eficácia na proteção da vida.


Montserrat (nenhuma morte)
Montserrat é um exemplo notável de segurança pública, sendo um território extremamente seguro e sem registros recentes de homicídios. A pequena população, concentrada em áreas comunitárias próximas, facilita a atuação rápida e eficiente das forças de segurança locais. A ilha possui policiamento presente e próximo da população, permitindo prevenção e resolução imediata de conflitos. Além disso, fatores sociais e econômicos, como baixos níveis de desigualdade e forte coesão comunitária, reduzem significativamente a ocorrência de crimes graves. Políticas públicas voltadas para educação, inclusão social e manutenção da ordem contribuem para um ambiente estável e protegido. Como resultado, Montserrat oferece um cenário onde a violência letal não existe, e os cidadãos vivem com alta sensação de segurança.


Samoa Americana (nenhuma morte)
A Samoa Americana é reconhecida por sua segurança pública exemplar, sendo um território extremamente seguro, sem registros recentes de homicídios. A combinação de uma população pequena e coesa, forte presença policial e estruturas comunitárias próximas contribui para a manutenção da ordem. O policiamento local atua de forma preventiva e rápida, garantindo que conflitos sejam resolvidos antes de se tornarem violentos. Além disso, valores culturais de respeito e solidariedade comunitária fortalecem o controle social informal, enquanto baixos níveis de desigualdade e criminalidade tornam os incentivos para crimes graves quase inexistentes. Como resultado, a Samoa Americana oferece um ambiente onde a violência letal é inexistente, garantindo alta sensação de segurança e estabilidade para seus habitantes.


San Marino (nenhuma morte)
San Marino é um dos países mais seguros do mundo, com praticamente nenhum registro de homicídios. O sucesso da segurança pública se deve à combinação de território pequeno, população reduzida e forte proximidade entre autoridades e cidadãos, permitindo uma ação policial rápida e eficiente. A coesão social e baixos níveis de desigualdade contribuem para um ambiente de estabilidade, em que crimes graves praticamente não ocorrem. Além disso, políticas públicas voltadas à prevenção, educação e participação comunitária fortalecem a ordem e a convivência pacífica. O resultado é um território tranquilo, onde a violência letal praticamente não existe, mostrando um modelo de segurança pública altamente eficaz.


Santa Helena, Ascensão e Tristão da Cunha (nenhuma morte)
Santa Helena, Ascensão e Tristão da Cunha formam um território britânico ultramarino notável por sua segurança pública exemplar, sem registros recentes de homicídios. A combinação de população extremamente pequena, isolamento geográfico e forte coesão comunitária cria um ambiente naturalmente seguro. O policiamento local, próximo da população, atua de maneira preventiva e eficaz, garantindo que conflitos sejam rapidamente resolvidos antes de se tornarem graves. Baixos índices de criminalidade, ausência de grandes desigualdades e valores culturais voltados à solidariedade comunitária fortalecem ainda mais a ordem. Como resultado, o território oferece alta sensação de segurança e estabilidade, tornando a violência letal inexistente e demonstrando um modelo de proteção eficiente e confiável.


Tuvalu (nenhuma morte)
Tuvalu se destaca mundialmente por sua segurança exemplar, apresentando nenhum registro de homicídio. O país, composto por pequenas ilhas e com população reduzida, beneficia-se de forte coesão comunitária, o que facilita a prevenção de conflitos e a manutenção da ordem. As forças policiais atuam de forma próxima da população, garantindo que qualquer desentendimento seja rapidamente resolvido antes de se tornar grave. Além disso, a cultura local valoriza solidariedade e respeito às normas sociais, enquanto baixos índices de desigualdade e criminalidade contribuem para um ambiente seguro. Dessa forma, Tuvalu oferece um cenário de tranquilidade e proteção, com a violência letal inexistente, refletindo um modelo de segurança pública altamente eficaz.


Vaticano (nenhuma morte)
O Vaticano é um dos territórios mais seguros do mundo, com completa inexistência de homicídios registrados. Sua segurança é reforçada por uma combinação única de fatores: população extremamente pequena, presença contínua da Guarda Suíça, sistemas de vigilância modernos e protocolos rigorosos de controle de acesso. A vida cotidiana é altamente monitorada, e qualquer conflito ou ameaça é rapidamente contido. Além disso, a coesão social e a estrutura religiosa e administrativa do Estado contribuem para um ambiente de ordem quase absoluta. Como resultado, o Vaticano oferece um cenário de segurança máxima, onde a violência letal é inexistente, tornando-se um exemplo singular de proteção e estabilidade pública.

Estes então são, sem dúvida, os países e territórios mais seguros do mundo, todos sem nenhum homicídio registrado nos últimos anos. Agora, para termos uma visão geográfica global da segurança (e para quem gosta de dados completos), abaixo segue a tabela completa em ordem decrescente de todos os países do mundo, do mais perigoso para o mais seguro (considerando, lembrando sempre, dados de homicídios somente e não o total da criminalidade):


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